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Últimos anos foram de calor no mundo; no Brasil, ondas de frio fizeram a temperatura cair

Temperatura global no ano passado ficou 1,2 ºC acima dos níveis. Em parte do Brasil, termômetros ficaram abaixo da média
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Amanda Omura

As temperaturas extremas em 2022, principalmente na Europa e na China, contribuíram para que os últimos oito anos fossem os mais quentes registrados no mundo, de acordo com o Copernicus, serviço de monitoramento do clima da União Europeia (UE). No geral, a temperatura global no ano passado ficou 1,2 ºC acima dos níveis pré-industriais do século 19.

No Brasil, porém, o cenário foi diferente em 2022. Ondas de frio atípicas fizeram a temperatura média cair na maior parte do país. A exceção foi na região da floresta amazônica, que não recebeu essas ondas e apresentou aumento na média de temperatura.

Meteorologistas ouvidos dizem que não houve nenhum fenômeno meteorológico específico que justificasse esse quadro na Amazônia.

O que se tem de dados é que, principalmente no segundo semestre de 2022, tivemos meses mais quentes, que coincidiram com o período mais seco, fazendo com que as temperaturas no ano ficassem acima da média.
"O El Niño e a La Niña estão mais associados com a questão de secas e chuvas, respectivamente, mas não explicam a temperatura elevada", afirma Bruno Kabke Bainy, meteorologista do Cepagri/Unicamp.

Segundo ele, não se pode descartar a influência do aquecimento global para explicar essas variações nas temperaturas do país em geral.
"Embora em 2022 o Brasil tenha tido essas amplas áreas com temperaturas anuais mais baixas, isso não implica em uma tendência ou tampouco contraria as evidências de mudanças climáticas." — Bruno Kabke Bainy.

No caso da Amazônia, os constantes recordes de desmatamento, queimadas e focos de calor só agravam o aquecimento global. Já em setembro de 2022, o número de queimadas registradas na floresta tinha superado o total de 2021 inteiro, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No mês anterior, em 22 de agosto, haviam sido detectados 3,3 mil focos de incêndio num intervalo de 24 horas, demarcando o pior dia em 15 anos.

Também no ano passado, o Deter registrou a pior marca da série histórica anual, com um acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal de mais de 10 mil km², área equivalente ao tamanho da cidade do Recife.

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