A Embraer, empresa do ramo de aviação que tem sede em São José dos Campos, registrou um aumento de 25% na receita da empresa nos três primeiros meses deste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Foram R$ 4,5 bilhões obtidos este ano, contra R$ 3,7 bilhões de janeiro a março de 2023.
De acordo com a Embraer, apesar do prejuízo líquido de R$ 63 milhões, esse resultado é otimista e se deve, principalmente, ao aumento do volume de entregas de aviões, que teve alta de 67%.
Em meio ao cenário de crescimento, a Embraer se prepara para uma nova etapa. Há dois anos a empresa iniciou o projeto de conversão das aeronaves da família E-1 para cargueiros. O projeto ‘Freighter’ foi pensado para aumentar a vida útil da primeira família de E-Jets, que já completa 20 anos.
O primeiro cargueiro Embraer voou por quase 20 anos nos Estados Unidos, mas voltou para São José dos Campos, no interior de São Paulo, para passar por uma grande transformação.
O modelo é um Embraer 190 que, originalmente, foi configurado para 120 passageiros. Mas, hoje, ele se tornou um avião de carga.
A remodelagem contou com a participação de mais de 20 engenheiros. O maior desafio foi reprojetar a porta de carga. Ela fica ao lado da porta original de passageiros, mas é cinco vezes maior. Internamente, toda a estrutura foi adaptada para a acomodação de carga. Foi necessário um ano para encontrar o local ideal.
O presidente CEO de serviços e suporte da Embraer, Carlos Naufel, resume o desafio.
“Quando a família de E-Jets foi projetada, nós já tínhamos uma ideia de transformá-los em cargueiros num futuro. E esse futuro chegou. A conversão para cargueiros é um caminho natural. Nosso time de engenheiros trabalhou incansavelmente para adaptar o projeto de maneira perfeita e foi isso que aconteceu. Logo que colocamos a porta de carga, ela se encaixou perfeitamente. Para nós foi a certeza de que nosso projeto é confiável e temos uma aeronave de ponta e extremamente competitiva para o mercado”, disse.
Mercado em potencial
Atualmente, na indústria aeronáutica, somente a americana Boeing e a europeia Airbus oferecem versões cargueiras no portfólio de aeronaves. O especialista em aviação de carga Tiago Dias detalha isso.
“A Boeing possui modelos como o 737, 767, 777 e 747 Freighter e a Airbus oferece versões do A-320 e A-330. Mas, em linhas gerais, são aeronaves grandes, que só podem operar em aeroportos com maior estrutura. Com a Embraer entrando nesse mercado, o leque para o transporte de cargas se amplia exponencialmente”, ressalta.
A Embraer é reservada quando se trata dos clientes. Mas, de acordo com o CEO de Serviços e Suprimentos, já existem 20 pedidos firmes na versão cargueira do 190 E-1. E a projeção é de crescimento do mercado.