Mandar dinheiro para fora do Brasil está mais fácil e rápido desde 30 de dezembro de 2022, data em que começou a vigorar a nova lei cambial (14.286).
A legislação trouxe mudanças significativas. Facilitou, por exemplo, a compra e venda de moeda estrangeira. Também aumentou o valor em espécie que não precisa ser declarado por viajantes que entrem ou saiam do Brasil (foi de R$ 10 mil para US$ 10 mil).
Além disso, a realização das chamadas "remissões" foi simplificada. "Remissão" é o termo utilizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), principal fonte de estatísticas sobre o tema, para tratar de operações de baixos valores realizadas de e para pessoas físicas ou jurídicas ao redor do mundo.
Pela lei brasileira, são operações de até US$ 50 mil com remetente no Brasil e destino em outros países. Segundo o Banco Central, em 2021 foram cerca de 11 milhões de remissões feitas a partir do território nacional, grande parte em valores abaixo de US$ 200.
O Banco Mundial considera que essas transferências são geralmente iniciadas por trabalhadores migrantes. Trata-se, principalmente, de valores enviados para pessoas próximas, como familiares e amigos.
"Este fluxo de fundos privados é consistente, mesmo durante tempos econômicos mais difíceis, e desempenha papel crucial na ajuda humanitária no crescimento econômico sustentável", diz a instituição.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que, em média, trabalhadores migrantes enviam de US$ 200 a US$ 300 dólares para seus países de origem periodicamente.
Outra situação comum que exige o uso de remissões é a de brasileiros e brasileiras que estudam fora do país e dependem do auxílio financeiro da família que reside no território brasileiro. Apesar de a maioria desse tipo de operação financeira ser de pequenos valores, seu volume é extenso: o Banco Mundial estimou que o montante de remissões feitas em 2022 correspondeu a cerca de US$ 794 bilhões.
Como era x como ficou
Antes, o tempo para realizar uma pequena remissão ia de cinco a 10 dias e não poderia ser feito digitalmente. Com a nova legislação, o prazo diminuiu para 24 a 48 horas e tende a ganhar velocidade com o passar do tempo – além de ter sido digitalizado.
Também foi simplificado o sistema que identifica a finalidade das operações financeiras. Antes, havia mais de 200 códigos diferentes para enquadrar a natureza da operação cambial. Agora, são oito os códigos que indicam o objetivo das transações de até R$ 50 mil que não estão sujeitas à prestação de informações.
Futuro da moeda
A nova lei cambial tem, entre seus objetivos de médio e longo prazo, a transformação do real em moeda conversível como o dólar e o euro, ou seja, de ampla aceitação mundo afora. Dentre os passos vislumbrados pelo BC, está ainda a possibilidade de abrir e manter contas em real em instituições financeiras fora do Brasil. Hoje, isso não é possível e não há previsão de quando será.