O cenário desta Páscoa combina preços mais altos do chocolate e menos funcionários temporários em fábricas e pontos de venda. Mas os fabricantes projetam faturamento maior, tendo a internet como canal importante de negócios.
A indústria abriu 7,9 mil postos de trabalho temporários para a Páscoa deste ano, incluindo contratações diretas e indiretas em fábricas e pontos de venda. O número representa queda de 7% em relação aos 8,5 mil postos de 2022. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonseca, diz que o número menor não representa uma expectativa de queda na produção e nas vendas, embora a entidade não forneça projeção de faturamento.
De acordo com a Abicab, as empresas notaram que desde 2021 mais consumidores passaram a comprar pela internet, reduzindo a demanda por funcionários nos pontos de venda. “Isso reflete um comportamento do mercado, os aplicativos de vendas on-line foram muito utilizados pelas indústrias. A grande maioria das vendas ainda é presencial, mas o consumidor mais jovem entra no site das marcas, compara os preços e faz suas compras”, diz Fonseca.
Os fabricantes de chocolates estimam que as vendas de Páscoa cresçam até 15% em relação a 2022, mesmo com os preços bem mais salgados do que no ano passado. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informa que os preços de ovos vendidos neste ano subiram entre 13% e 18% em relação a 2022. E prevê que um quinto dos consumidores faça as compras no sábado, na véspera da Páscoa.
Para atrair o consumidor, os fabricantes estão investindo em vendas digitais e em novos sabores e formatos, chegando ao recorde de 163 lançamentos neste ano, segundo dados da consultoria KPMG divulgados pela Abicab. No total, são mais de 440 rótulos disponíveis para este ano.
A Lacta, marca da Mondelez, elevou em quatro vezes seus investimentos no e-commerce em relação a 2022. As vendas digitais, praticamente inexistentes em 2019, representaram 6,9% do faturamento em 2022. A expectativa é de que o digital represente entre 16% e 20% do faturamento total deste ano, considerando aplicativos de entrega, e-commerce parceiros e a loja on-line da Lacta.
A rede de lojas Cacau Show promoveu um repasse de preços médio de 7% nos produtos de Páscoa deste ano, enquanto a alta de preços aferida na cadeia de produção como um todo foi de 10,5%. O fundador e presidente da rede, Alê Costa, afirma que a melhoria de produtividade permitiu que não houvesse repasse integral de inflação aos consumidores.
A Cacau Show elevou em 40% seu volume neste ano e estima movimentar R$ 1,2 bilhão em vendas, das quais 70% devem ser realizadas nesta última semana. “Estamos com uma expectativa muito grande para a Páscoa, é o maior evento do ano e o momento de colher nossos projetos”, afirmou ao Valor.