O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou trajetória positiva no primeiro trimestre de 2023, mas esconde grandes diferenças no desempenho setorial de cada uma das regiões do país, aponta levantamento feito pela 4intelligence.
De acordo com o estudo, o Sudeste, que concentra a maior parte da população e que tem uma das maiores participações na economia nacional, mostrou crescimento de apenas 0,6% no período, em relação aos últimos três meses de 2022.
Esse foi o pior desempenho entre as regiões avaliadas, puxado principalmente pelo fraco desempenho da indústria, que recuou 1,27% no Sudeste no período avaliado.
O setor de serviços, por sua vez, teve uma queda de 0,02% na mesma base de comparação, enquanto o segmento da agropecuária teve alta de 9,23%.
Na ponta contrária, foi o Centro-Oeste que apresentou o maior crescimento nos três primeiros meses do ano, com uma alta de 5,2% na mesma relação. Nesse caso, o avanço foi puxado principalmente pelo setor agropecuário, que avançou 29,98% em igual base de comparação.
Em seguida vieram as regiões Nordeste e Norte, que além de contarem com o forte avanço do agronegócio, também sentiram os bons resultados dos setores de indústria e serviços. Essas regiões tiveram uma alta de 5% e 4,9% no primeiro trimestre na mesma base de comparação.
Segundo o economista-chefe da 4intelligence, Bruno Lavieri, parte do que explica o desempenho mais fraco do Sudeste frente as demais regiões é a lenta trajetória de recuperação do segmento industrial.
“Isso era mais ou menos esperado, afinal estamos falando de um ano de 2023 ainda com aperto monetário e recursos escassos. Então a indústria tende a sofrer mais, com [a recuperação] do segmento de bens duráveis sendo postergada”, afirma.
E esse quadro, diz o economista, deve continuar a pesar no setor em 2023, principalmente diante do nível de juros ainda alto no país.
“Isso se traduz de formas diferentes na questão regional, principalmente porque temos regiões muito heterogêneas. Estamos falando de um país que é muito grande em termos geográficos e que traz muitas diferenças em sua composição e na forma como cada setor pesa em cada lugar”, acrescenta Lavieri.
O que esperar para 2024?
Ainda de acordo com o economista, apesar da projeção mais otimista para 2024, que deve contar com números um pouco melhores no setor industrial, o processo de afrouxamento monetário (redução das taxas de juros) deve ser mais longo e não deve trazer um crescimento vigoroso da economia já no ano que vem.
Segundo Lavieri, a expectativa é que haja um crescimento mais “equilibrado” entre os setores em 2024.
“A gente não deve contar com uma safra agrícola tão extraordinária no próximo ano. Além disso, devemos ver uma recuperação um pouco mais forte da indústria e o PIB de serviços com um desempenho um pouco mais positivo”, afirma o economista.