Réu pela terceira vez em quatro meses, Donald Trump enfrenta agora a mais grave das acusações como ex-presidente dos EUA e favorito à indicação do Partido Republicano para recuperar a Casa Branca: a de conspirar para permanecer no poder apesar de ter perdido a eleição de 2020, conforme atestou o procurador especial Jack Smith.
Quanto mais significativa a coleção de imbróglios legais de Trump, mais inabalável é a fé de seus seguidores em alçá-lo novamente ao cargo de comandante-em-chefe do país.
A média das pesquisas reforça sua posição, com 37 pontos de vantagem sobre o maior rival republicano, o governador da Flórida Ron DeSantis. E a arrecadação de recursos infla a sua campanha.
As acusações anteriores, de fraude comercial e de manuseio de documentos confidenciais, não o prejudicaram diante do eleitor republicano. A mais recente, exposta em 45 páginas por Smith, põe o ex-presidente no centro de uma campanha ilegal, de “desonestidade, fraude e presunção” para bloquear a transferência de poder.
A contar pelas reações iniciais dos republicanos — muito semelhantes aos dois indiciamentos anteriores —, a acusação de conspirar contra a democracia dificilmente se reverterá contra Trump aos olhos de seus eleitores: o ex-presidente se aferra ao posto de perseguido, vítima de manipulação político-partidária e de um grande complô para minar a sua candidatura à Casa Branca em 2024.
O partido se mantém leal a Trump e o exime de responsabilidade, num sinal da forte influência que ele exerce sobre a sua base. “Por que eles não trouxeram esse caso ridículo há 2,5 anos? Eles queriam isso bem no meio da minha campanha, é por isso!” protestou o ex-presidente em sua rede social.
Sua campanha foi além, comparando falsamente as acusações do procurador, referendadas por um grande júri, à “Alemanha nazista na década de 1930 e outros regimes autoritários e ditatoriais”. A retórica virulenta prevalece na mídia sustentada pela extrema direita americana.