Um bombardeio na cidade de Sloviansk, no leste da Ucrânia, causou um vazamento de nitrato de amônio nesta quarta-feira (11).
A substância, um fertilizante, é a mesma que já gerou grandes catástrofes como a explosão no porto de Beirute, no Líbano, em 2020.
Após o vazamento, autoridades de Sloviansk, na região de Kramatorsk, pediram que os moradores não saiam de suas casas, mas disseram que, de momento, não há risco para a população.
O vazamento e o armazenamento incorreto de nitrato de amônio já causaram catástrofes em diferentes regiões do mundo.
A mais recente, e uma das maiores, foi a explosão de um depósito com o fertilizante no porto de Beirute, no Líbano, que destruiu parte da cidade e deixou mais de cem mortos.
Seguro, se não for aquecido
Usado para a produção de alimentos, o nitrato de amônio não é um explosivo por si só, conforme explicou o químico Guilherme Marson.
Armazenado como um pó branco – ou em grânulos solúveis em água – o nitrato de amônia é seguro, desde que não seja aquecido ou entre em contato com alguma faísca.
A partir de 210 °C, decompõe-se e, se a temperatura aumentar para além de 290 °C, a reação pode se tornar extremamente explosiva.
"Temperatura, faísca, um início de chama. O calor causa a decomposição, libera nitrogênio, oxigênio e água, eles expandem porque são gases (a água em fase gasosa, é claro)", explicou o professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
Não é encontrado na natureza na forma sólida
O nitrato de amônio não é encontrado na natureza na forma sólida. Nitrato de amônio é produzido industrialmente. E ele feito com a reação entre a amônia e acido nítrico.
O nitrato de amônio foi sintetizado pela primeira vez em 1659, na Alemanha. Mas só na Primeira Guerra Mundial passou a ser usado como explosivo - misturado com dinamite, pra deixar as bombas mais baratas.