A guerra entre Israel e o Hamas pode abrir uma nova frente, a de um confronto com os houthis, que controlam boa parte do Iêmen e são patrocinados pelo Irã.
Desde o início do confronto, há um mês, as forças israelenses registraram quatro tentativas de ataques ao sul do país, por parte dos rebeldes iemenitas, que estão localizados no sudoeste da Península Arábica, a quase 2.000 quilômetros de distância.
Na mais recente, nesta quinta-feira, o sistema de defesa aérea Arrow 3, o mais avançado de Israel, interceptou um míssil balístico disparado do Iêmen, pelo regime houthi, em direção à cidade israelense de Eilat.
Fica a pergunta: por que o grupo militante xiita, conhecido “Partidários de Deus” está se envolvendo nessa guerra?
O movimento opera no Iêmen desde a década de 2000 e surgiu como como insurgência ao regime de Ali Abdullah Saleh, que governou o país entre 1990 a 2012, quando ele renunciou. Em 2014, os rebeldes assumiram o controle da capital Sanaa e de grande parte do norte do país, num golpe contra o presidente em exercício, Abd Rabbuh Hadi.
No ano seguinte, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita interveio no Iêmen, com apoio dos EUA e Reino Unido, para tentar reconduzir o presidente ao poder. O conflito foi alimentado por rivais regionais: de um lado, o regime saudita, apoiando os sunitas: de outro, o iraniano, xiita, respaldando os houthis, que, oito anos depois, ainda controlam a capital.
A guerra no Iêmen é classificada pela ONU como o mais grave desastre humanitário da atualidade, com deslocamento interno de mais de 4,5 milhões de pessoas e 80% da população vivendo na pobreza. Os mais afetados são as crianças: cerca de 11 milhões de crianças vivem em situação desesperadora e precisam de ajuda humanitária, segundo as Nações Unidas.
Em março passado, Irã e Arábia Saudita retomaram relações diplomáticas, sob a mediação da China, e atenuaram a guerra que mantêm, por procuração, no Iêmen.