O escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta sexta-feira (24) que seus investigadores confirmaram milhares de vítimas civis na invasão da Ucrânia pela Rússia, incluindo pessoas mortas em execuções ou ataques individuais por forças russas e casos de violência sexual.
"Um ano depois que a Federação Russa lançou um ataque armado em grande escala contra a Ucrânia, as hostilidades continuam a exercer um severo impacto sobre crianças, mulheres e homens em todo o país", disse o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) em um novo relatório.
O relatório mostra que pelo menos 5.987 civis foram mortos ou feridos entre 1º de agosto de 2022 e 31 de janeiro de 2023, um número provavelmente subestimado, uma vez que cobre apenas os casos que seus investigadores conseguiram verificar.
O uso de armas explosivas de forma indiscriminada foi responsável por um grande número de vítimas civis, disse o relatório, e seus números mostraram que pelo menos quatro vezes mais vítimas civis ocorreram em território controlado pela Ucrânia do que em áreas controladas pela Rússia.
A maioria dos 133 casos de violência sexual relacionada a conflitos documentados pelo ACNUDH ocorreu em território ocupado pela Rússia, inclusive durante processos de deportação forçada.
A Missão Permanente da Rússia nas Nações Unidas não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as descobertas.
O governo russo negou repetidamente as acusações de que suas forças cometeram atrocidades durante a invasão, que afirma ser uma "operação militar especial".
O relatório documentou o desaparecimento ou "detenção arbitrária" de 214 ucranianos em território ocupado pela Rússia e 91 casos desse tipo em áreas controladas pelo governo ucraniano. A maioria dos detidos pela Ucrânia eram suspeitos de serem colaboradores.