Em uma igreja na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, a mãe de Tseng Sheng-guang vê pela última vez o seu filho, quando o corpo do jovem foi colocado em um caixão.
Ela se juntou a outros parentes e vários ucranianos que desejavam prestar homenagem a um homem que morreu a milhares de quilômetros de casa, lutando por um país que nunca havia visitado antes.
"Sheng-guang, meu filho, quero que saiba que você foi muito corajoso", disse ela mais tarde. "Você sempre será meu bebê e estou orgulhosa de você."
Tseng, de 25 anos, estava lutando com as forças de defesa territorial da Legião Internacional da Ucrânia quando foi morto no mês passado na cidade de Lyman. Ele foi o primeiro taiwanês a morrer lutando na Ucrânia.
Em um comunicado divulgado após a morte, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse que Tseng "deu sua vida à luta pela liberdade da Ucrânia".
Milhares de soldados estrangeiros viajaram para o país com o objetivo de participar do conflito. O número de taiwaneses entre eles é pequeno, estimado em cerca de dez.
Mas a invasão russa repercutiu na ilha autogovernada do outro lado do mundo. A China reivindica Taiwan como parte de seu território e disse que o unificará pela força, se necessário. Taiwan se vê como independente.
As tensões no Estreito de Taiwan aumentaram de forma acentuada após a visita da política americana Nancy Pelosi em agosto, o que enfureceu Pequim. A China respondeu com exercícios militares ao redor da ilha.
Sammy Lin, que fez amizade com Tseng por meio de plataformas online, disse que ele estava preocupado que Taiwan pudesse um dia sofrer o mesmo destino que a Ucrânia.
"Lembro-me dele dizendo a amigos que não podia ficar parado enquanto o povo ucraniano estava sendo abusado e morto pelos russos", afirmou.
Tseng foi "uma das pessoas mais justas" que Sammy diz já ter conhecido.