Um esforço recomendado pela senadora Simone Tebet fez com que o PT (Partido dos Trabalhadores) pedisse aos apoiadores que usassem branco em vez do clássico vermelho que representa o partido em ato que ocorreu em 11 de outubro em Belford Roxo (RJ).
Para Tebet, é preciso "tirar o vermelho da rua", pois as imagens assustariam eleitores do "interior de SP" e de "Estados no Centro-Oeste, Sul e Norte", conforme noticiado pela coluna da Mônica Bergamo, no jornal "Folha de S.Paulo".
A BBC News Brasil questionou o Partido dos Trabalhadores sobre se há uma orientação clara de mudança dentro do partido, mas a assessoria de imprensa não respondeu até a publicação desta reportagem.
Adotado pelo PT como a principal cor, o vermelho, em diferentes tons, foi utilizado por partidos comunistas, socialistas, trabalhistas e sociais democratas em uma origem que remonta ao século 19.
O uso inicial do vermelho pela esquerda se deu quando a cor passou a estampar a bandeira do Partido Comunista — e por isso ainda é ligada à uma esquerda radical, embora já tenha sido incorporada por partidos socialistas e sociais-democratas.
Em 1789, no episódio que culminou na Revolução Francesa, a assembleia constituinte francesa colocou bandeiras vermelhas nos cruzamentos das ruas para mostrar que as manifestações públicas estavam proibidas.
Quebrando a regra, milhares de parisienses se reuniram para exigir a destituição do rei Luís 16, no Campo de Marte em 1791. O então prefeito de Paris, Bailly, ordenou que uma grande bandeira vermelha fosse colocada no alto para reiterar a ordem. Mas uma multidão tomou a praça e a polícia entrou em conflito com os manifestantes, matando mais de 50 pessoas.
Em seu livro Le petit livre des couleurs ("Pequeno livro das cores"), o historiador e antropólogo francês Michel Pastoureau afirma que a mesma bandeira vermelha que era usada para impedir que o povo francês se manifestasse, passou desde então a ser o emblema do povo oprimido e da revolução em marcha. Ele diz que isso é uma "surpreendente inversão simbológica".