O presidente Jair Bolsonaro, questionado nesta segunda-feira (12) sobre falta de sensibilidade em declarações ao longo da pandemia de Covid, disse que se arrepende da ocasião em que, perguntado sobre os mortos pela doença, respondeu não ser "coveiro". Depois, disse ainda que passará a faixa e pode até deixar a política caso perca as eleições.
Bolsonaro participou de uma conversa com podcasts na noite desta segunda. Ele foi questionado diversas vezes se tinha arrependimento de declarações na pandemia. A princípio, ele não disse que se arrepende. Diante da insistência, disse que retiraria a frase do "coveiro".
Até então, Bolsonaro não havia demonstrado remorso sobre suas declarações. A nova postura chega a 20 dias do primeiro turno da eleição.
Ao longo de toda a pandemia, o presidente desdenhou de medidas para a contenção do vírus, como uso de máscaras e isolamento social, recomendadas por autoridades de saúde de todo o mundo. Ele também desestimulou a aplicação de vacinas.
O entrevistador lista algumas das falas de Bolsonaro. Uma delas se refere a quando o presidente ironizou quem queria que o governo comprasse vacina e sugeriu procurar o imunizante 'na casa da sua mãe': " 'Não sou coveiro, na casa da sua mãe…' ", relembrou o apresentador do podcast.
Foi quando o presidente fez a auto-crítica.
"Eu dei uma aloprada, sim. Eu perdi a linha", disse Bolsonaro.
O entrevistador continua: "Eu queria completar. O senhor se arrepende?"
"Eu me arrependo", respondeu o presidente.
'A gente passa aí a faixa'
Na conversa desta segunda-feira, Bolsonaro também afirmou que, caso não seja reeleito, vai passar a faixa presidencial para o vencedor das eleições e irá se "recolher".
"Façam comparações com outros países o que acontece. O que em comum tem esses chefes de estado onde essas políticas não estão dando certo em seus respectivos países e veja se você quer isso ou não para o Brasil. Se essa for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa aí a faixa e vou me recolher, porque com a minha idade eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra se acabar essa minha passagem pela política em 31 de dezembro do corrente ano", declarou.