Na segunda-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcará para a África do Sul, onde participará da 15ª Cúpula dos Brics, grupo de países que ele ajudou a fundar e que reúne Brasil, Índia, Rússia, China e o país anfitrião.
O país será o 17º destino internacional de Lula em quase oito meses de governo. Nos bastidores, a visita é tida como mais uma etapa de um projeto ambicioso e construído a muitas mãos: ampliar a influência do Brasil na arena global.
Uma frase dita por Lula em dezembro de 2022, antes mesmo de assumir seu terceiro mandato, é vista como a principal síntese desse projeto.
"Quero dizer que o Brasil está de volta", disse Lula no Egito, durante a 27ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP-27).
Os pilares desse plano vêm sendo delineados em discursos e ações ao longo dos últimos meses, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil. Segundo eles, pautas tradicionais da diplomacia brasileira continuam relevantes como a reformulação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e mudanças no sistema de governança global.
Eles apontam, no entanto, que outros temas mais recentes passaram a compor o plano do atual governo para ampliar a esfera de influência brasileira no mundo. Para atingir esse objetivo, as principais apostas do Brasil vêm sendo: reduzir a dependência global em relação ao dólar norte-americano; liderar os debates relativos às mudanças climáticas; e atuar como mediador da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil e diplomatas que falaram em caráter reservado apontam que o cenário internacional oferece obstáculos e oportunidades para o Brasil. Entre os obstáculos estão, por exemplo, a complexidade da crise envolvendo russos e ucranianos. Já entre as oportunidades estão o fato de que, durante seu mandato, o Brasil terá a chance de presidir o Mercosul, os Brics e o G20, oferecendo múltiplas plataformas para que o país tente avançar sua agenda.
As origens
A aposta do atual governo brasileiro em aumentar a influência do país internacionalmente é, segundo os especialistas, resultado da combinação entre o perfil pessoal de Lula e da forma como integrantes do entorno do presidente vêem o mundo.