Nos dois primeiros dias da 15ª Cúpula do Brics, o governo brasileiro deu demonstrações de que tenta se equilibrar ante a força que a China exerce sobre o grupo e aos temores de que o bloco criado em 2006 como uma alternativa à atual ordem global passe a ser visto como um grupo que se oponha frontalmente a ela.
Desde sua criação, a cooperação econômica entre os países foi o principal tema debatido pelos seus líderes. Em 2014, o grupo criou o Banco do Novo Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), que ficou conhecido como "Banco do Brics", atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Nesta quinta, foi confirmado oficialmente o processo de expansão do bloco.
O presidente da África do Sul, anfitrião da 15ª cúpula do bloco, anunciou que Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito, Irã e Etiópia foram "convidados" a entrar no grupo como membros plenos a partir de 1º de janeiro de 2024.
O termo "convite", segundo diplomatas, é uma formalidade técnica, uma vez que os países anunciados já haviam demonstrado interesse em entrar no bloco.
Nos últimos anos, a pressão feita pela China, com apoio da Rússia, pela expansão do grupo levantou dúvidas sobre se esse movimento teria como objetivo dar um caráter mais político ao bloco.
As dúvidas levantadas por analistas surgem em um momento em que as relações de China e Rússia com os Estados Unidos e União Europeia passam por desgastes.
A China é acusada pelos norte-americanos de práticas comerciais predatórias e de espionagem, o que o governo chinês nega.
Os russos, por outro lado, enfrentam sanções e críticas internacionais por conta da guerra na Ucrânia, que começou em 2022, quando tropas comandadas pelo presidente Vladimir Putin invadiram o país vizinho.
Nesse cenário, tanto o presidente Lula quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vieram a público abordando os rumores de que o Brics caminhariam para ser um antagonista de outros grupos, como o G7, grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo.