O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que "crimes graves ocorreram" ao falar sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que disse à Polícia Federal que o então presidente Bolsonaro discutiu com comandantes das Forças Armadas a possibilidade de um golpe de estado.
A informação sobre a delação foi revelada pelos jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no UOL.
Dino comentou sobre o teor da delação nesta sexta-feira (21) em visita ao Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo. Para ele, a delação premiada é "um documento comprobatório muito forte" e um meio de produção de provas importante.
"A PF de modo independente está fazendo a sua parte, depois a Justiça julga. Mas infelizmente a essa altura já é possível vislumbrar que infelizmente muitos crimes graves ocorreram, inclusive essa preparação de um crime que seria um golpe de Estado. Então realmente é algo impactante", afirmou.
Segundo a apuração que revelou o teor da delação, Mauro Cid disse que, em 2022, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, se reuniu com a cúpula das Forças Armadas e ministros da ala militar para discutir detalhes de uma minuta que abriria a possibilidade para uma intervenção militar.
Se tivesse sido colocado em prática, o plano de golpe impediria a troca de governo no Brasil.
O ex-ajudante de ordens de Bolsona falou em depoimento na delação premiada, fechada com a Polícia Federal. De acordo com a reportagem, o militar afirmou aos investigadores que participou da reunião.
Cid relatou ainda que o "então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente". Já o comando do Exército afirmou que não embarcaria no plano golpista.
Agenda no santuário
Flávio Dino chegou no Santuário Nacional de Aparecida acompanhado da esposa, por volta das 11h. Em seguida, participou de uma reunião e uma missa, que começou 12h.