O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta quinta-feira (20), em entrevista coletiva, que dados mostram uma "atipicidade" na fiscalização de ônibus pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do 2º turno das eleições de 2022.
Em relatório enviado à Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério da Justiça apontou que, entre os dias 28 e 30 de outubro, a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era favorito. No mesmo período, foram 893, no Centro-Oeste; 571 ônibus no Sudeste; 632, no Sul; e 310, no Norte.
Questionamentos
No último ano, a atuação da PRF nas eleições foi questionada por opositores do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em outubro, no dia do segundo turno, operações da corporação em rodovias no país foram apontadas como uma tentativa de barrar a ida de eleitores às urnas, em especial no Nordeste, região na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava com folga em relação a Bolsonaro.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, chegou a determinar que as operações fossem interrompidas.
Especificamente no dia da ida às urnas no segundo turno, em 30 de outubro, o número de ônibus fiscalizados em cada região, segundo Dino, durante as operações foi:
Nordeste: 324
Centro-Oeste: 152
Sul: 79
Sudeste: 65
Norte: 76
'Comprovação empírica'
Para Dino, os dados comprovam a tese, levantada durante o segundo turno, de que houve maior uso da força da PRF nas eleições.
"Temos agora uma comprovação empírica, no sentido de que houve um desvio de padrão em relação à atuação rotineira e ordinária da PRF", afirmou."Há uma convergência entre os números. Os números vão convergindo e mostrando uma atipicidade, uma anormalidade, nessa operação realizada no segundo turno e foi isso que foi entregue à CGU, por determinação da própria CGU, e também encaminhados à Polícia Federal”, disse.