O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (23) que o combate à desigualdade deve ter tanta prioridade quanto a questão climática. A declaração foi em discurso na Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, na França.
Ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, Lula disse não ser "possível" que, "em um reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça".
"Eu vim aqui para falar que, junto com a questão climática, presidente Macron, nós temos que colocar a questão da desigualdade mundial. Não é possível que numa reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça. A desigualdade salarial, a desigualdade de raça, a desigualdade de gênero, a desigualdade na educação, a desigualdade na saúde", disse.
"Ou seja, nós estamos num mundo cada vez mais desigual e, cada vez mais, a riqueza está concentrada na mão de menos gente. E a pobreza concentrada na mão de mais gente. Se nós não discutirmos essa questão da desigualdade, e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, ou seja, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo."
Lula citou feitos de seus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010, e dos de Dilma Rousseff (PT), entre 2011 e 2016, e disse que, recentemente, o Brasil "andou para trás, como muitos outros países andaram para trás".
"Depende do governo que é eleito, depende do governo que tem a preocupação com a questão social", disse.
Críticas ao FMI
No discurso, o presidente brasileiro também fez críticas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), organização criada após a Segunda Guerra para reestruturar as economias de países pós-conflito. Hoje, a instituição oferece empréstimos a nações em dificuldade financeira.
Para Lula, "aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições [..] não funcionam mais, e não atendem mais as aspirações e nem os interesses da sociedade".
"Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira do Banco Mundial. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar naquilo que as pessoas esperam do FMI", disse.