A Polícia Federal afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agiu com "consciência e vontade" e pediu ao seu então ajudante de ordens, Mauro Cid, a falsificação de cartões de vacinação contra Covid-19 dele e da filha.
Nesta terça-feira (19), a PF indiciou o presidente pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações, por participação no esquema.
O relatório da corporação teve o sigilo retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso. A defesa de Bolsonaro diz que o indiciamento é "absurdo".
Segundo a PF, "os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha".
O relatório também afirma que, em colaboração premiada, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirmou que o pedido de falsificação dos dados veio do ex-presidente.
Mauro Cid disse à PF que contou a Bolsonaro que tinha conseguido cartões falsos para si mesmo, a esposa e as filhas. E que o ex-presidente, ao saber da informação, ordenou que ele também obtivesse os documentos para Bolsonaro e para a filha dele.
O ex-ajudante de ordens disse que pediu ajuda ao advogado Ailton Barros, que foi candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PL, em 2022. Já Ailton teria conseguido a inserção dos dados falsos por meio do então secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos Brecha.
"O colaborador confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha sob determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e que imprimiu os certificados; que solicitou a inserção de dados no sistema ConecteSUS de sua esposa, filhas, ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua filha, Laura Bolsonaro", diz a PF.
Ainda segunda a investigação, Cid disse que os certificados foram impressos e entregues em mãos a Bolsonaro.