O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" que recebeu R$ 50 milhões em emendas parlamentares como um sinal de "gratidão" por ter apoiado a eleição do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 2021.
Depois que a entrevista foi divulgada, do Val disse que foi mal interpretado. Ele ressaltou que não houve negociação de recursos em troca de votos para Pacheco.
A assessoria de imprensa de Pacheco disse que ele não vai comentar a entrevista.
As emendas a que do Val se referiu fazem parte do chamado Orçamento Secreto. Esse tipo de emenda é liberada pelo relator do Orçamento para parlamentares com base em acertos informais dentro do Congresso. São consideradas por especialistas menos transparentes e mais difíceis de rastrear.
Ao "Estadão", do Val disse que foi informado pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) que receberia R$ 50 milhões em emendas, o mesmo que líderes partidários. Alcolumbre justificou, segundo do Val, que isso era uma demonstração de gratidão pelo apoio a Pacheco.
Ainda segundo do Val, a porcentagem de divisão de emendas havia sido definida por Pacheco em reunião com parlamentares.
"Eu não sei qual é a conversa que ele [Pacheco] teve em valores com os outros. Para mim, quem me ligou dizendo foi até o Davi , não foi nem o Rodrigo. E aí [foi] com o Davi que eu perguntei. Eu achei até muito para eu encaminhar para o estado [Espírito Santo], mas como [é] questão de saúde, eu não vou negar. Eu perguntei: 'Mas teve algum critério?' Ele só falou: 'Aquele critério que o Rodrigo falou para vocês lá no início'. 'Ah, tá, entendi.' Mas ele falou: 'Só que o Rodrigo te colocou no critério como se você fosse um líder, pela gratidão de você ter ajudado a campanha dele a presidente do Senado'. Eu falei: 'Poxa, obrigado, não vou negar e vou indicar', relatou Marcos do Val ao Estadão.
Na entrevista, o senador ressaltou que nunca houve uma proposta para ele apoiar Pacheco em troca de emendas.
"E o critério que ele colocou para mim foi o critério de eu ter apoiado ele enquanto outros não apoiavam. Mas ele não prometeu. Em nome da minha filha, eu tenho uma, tem 16 anos, em nome dela, eu te digo. Em momento algum ele me prometeu um real, tipo assim: 'Me apoie que eu te dou um real'. Ou: 'Me apoie que eu te dou a presidência de uma comissão'. Nada, nada. Absolutamente, nada", adicionou do Val.