Novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Augusto Passos Rodrigues afirmou que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, provavelmente será chamado a depor como testemunha no inquérito que investiga a minuta de golpe encontrada com o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres.
"Provavelmente, eu não posso aqui cravar que isso acontecerá, provavelmente ele e qualquer outra pessoa que tiver informação ou relação com os episódios investigados pode ser chamado a ser ouvido na condição de testemunha para poder ajudar a esclarecer os fatos", afirmou Passos, em sua primeira entrevista à frente da PF. A chamada minuta do golpe foi apreendida na residência de Anderson Torres em ação da PF.
O documento era a minuta de um decreto para instaurar estado de defesa na sede do TSE, com objetivo de mudar o resultado das eleições de 2022.
Na sexta-feira (27), Costa Neto afirmou em entrevista ao jornal O Globo que diversos membros e interlocutores do governo Jair Bolsonaro tinham, em suas casas, propostas similares à "minuta do golpe".
"Ele [Bolsonaro] nunca falou nesses assuntos comigo. Um dia eu falei: 'Tudo que temos que fazer tem que ser dentro da lei.' Ele falou: 'Tem que ser dentro das quatro linhas da Constituição'. Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político", disse Costa Neto em um trecho da resposta.
Antes da entrevista de Valdemar da Costa Neto, a PF iniciou apuração para identificar se a minuta circulou entre autoridades do governo Bolsonaro. Anderson Torres está preso em decorrência de investigação dos ataques golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro.
Torres ocupava o cargo de secretário de Segurança do Distrito Federal, mas dois dias antes dos ataques viajou para a Flórida, nos Estados Unidos, mesma região em que está o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Novo comando da PF
Andrei Passos assumiu como diretor-geral da Polícia Federal em 2 de janeiro, antes dos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ele foi responsável por coordenar a equipe de segurança de Lula durante a campanha eleitoral.
A atuação de Andrei Passos contra pessoas que ameaçaram a vida do então candidato, batendo de frente com a PF, e a experiência como coordenador nacional de segurança da Olimpíada do Rio 2016 o credenciaram para assumir o comando da corporação.