A posição do Brasil na reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira (25) será ditada pelo Palácio do Planalto. Diplomatas envolvidos na negociação esperam uma posição técnica, em defesa do direito internacional e do cumprimento da Carta das Nações Unidas, que condena a invasão de território nacional por país estrangeiro – exatamente o que ocorre na Ucrânia por parte da Rússia.
Os Estados Unidos e a Albânia, integrantes do Conselho de Segurança, devem apresentar na sexta, em Nova York, uma resolução condenando a invasão. De acordo com fontes envolvidas no assunto, a expectativa é a de que a Rússia fique isolada, com os demais integrantes votando a favor da resolução.
A expectativa da Ucrânia é a de que o Brasil vote com os Estados Unidos no Conselho de Segurança na resolução, segundo informou o encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy Tkach.
Para aprovar a resolução, são necessários 9 votos dos 15 integrantes do conselho. Mas a Rússia por ser membro permanente, ao lado dos EUA, Reino Unido, China e França, tem poder de veto. É possível que os chineses se abstenham da votação ou votem contra ela.
Pela tradição, o Brasil deveria condenar a invasão e seguir os demais países que tendem a tomar essa atitude no conselho. Mas o presidente Bolsonaro evitou na quinta (24) condenar os russos e desautorizou o vice-presidente Mourão, que criticou a invasão. Isso aliado ao fato de ter viajado a Moscou, ter se solidarizado com os russos, e de parte de sua base mais radical ser favorável a Putin coloca incertezas no horizonte.
O embaixador brasileiro no Conselho de Segurança, Ronaldo Costa Filho, tem pedido a aplicação do direito internacional e tem afirmado que o Brasil não é neutro nesse debate. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no entanto, em entrevista ao blog da Andreia Sadi, disse que a posição brasileira não é de neutralidade, mas de “equilíbrio”. E criticou as cobranças feitas ao presidente Bolsonaro para que condene a invasão.
Ao manifestar o voto brasileiro, Costa Filho terá de expor seus argumentos. É quando ficará mais clara a posição brasileira sobre a questão, que sofrerá influência direta de Bolsonaro. Carlos França, mais pragmático que Ernesto Araújo, tem tentado se equilibrar entre a posição tradicional da diplomacia brasileira e as demandas político-eleitorais de Bolsonaro.