A cada semana, 9 homens têm o pênis amputado no Brasil em decorrência de câncer, que poderia ser evitado de forma muito simples: água, sabão e lavagem adequada.
Os dados, obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) junto ao Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, apontam que foram realizadas no SUS 7.790 amputações do pênis entre 2007 e 2022 (até novembro). Isso equivale a uma média de 486 procedimentos por ano.
"O Brasil é um dos campeões mundiais na incidência de câncer de pênis, que é facilmente evitável com higiene íntima e tratamento da fimose. A desinformação e a dificuldade de acesso à saúde fazem com que muitos homens tenham o órgão genital amputado e morram por câncer de pênis." — Ubirajara Barroso Jr., urologista especialista em reconstrução genital e chefe de cirurgia reconstrutiva de uretra do hospital da Universidade Federal da Bahia
Como evitar esse câncer mutilante?
De acordo com a SBU, quatro ações ajudam na prevenção do câncer de pênis. São elas:
Limpeza adequada do pênis com água e sabão puxando o prepúcio para higiene da glande. A limpeza deve ser realizada todos os dias e após as relações sexuais.
Tomar a vacina do HPV disponível gratuitamente pelos SUS para a população de 9 a 14 anos.
Realização da postectomia (retirada do prepúcio) quando essa pele que encobre a cabeça do pênis não permite a higienização correta.
Uso de preservativo para evitar contaminação por ISTs como o HPV.
A lavagem é simples e deve ser feita com água e sabão, na hora do banho mesmo. Para limpar o pênis, o homem precisa afastar o prepúcio e expor a cabeça do órgão, conhecida como glande.
“A urina embaixo da pele (prepúcio) é ácida e pode causar fibrose, inflamação. A lavagem feita com água e sabão salva todo o risco de ter um tumor de pênis ou doença mais grave. Também vale ressaltar que não é necessário lavar o pênis a cada micção ou passar alguma pomada, antisséptico”, orienta Barroso.
O tratamento do câncer de pênis depende de quão rápido for feito o diagnóstico.
“O diagnóstico precoce trata quase 100% dos pacientes. Pode-se fazer uma biópsia e tirar o tumor com uma margem de segurança, preservando o órgão. No entanto, em casos mais avançados é preciso amputar o pênis, parcial ou totalmente”, explica Barroso.