Os benefícios dos exercícios de respiração são reconhecidos há milênios. Nas últimas décadas, estudos científicos parecem confirmar o que muitas culturas, principalmente na Ásia, vêm recomendando há muito tempo: a respiração consciente pode ajudar a combater uma série de condições de saúde, incluindo hipertensão, estresse, ansiedade e até dores crônicas.
No estudo mais recente, pesquisadores analisaram os biomarcadores do plasma sanguíneo associados ao aumento do risco de desenvolvimento de Alzheimer, particularmente a beta-amiloide 40 e 42.
Eles instruíram metade dos 108 participantes do estudo a tentar imaginar-se em um lugar calmo, mentalizando uma cena tranquila, ouvindo sons relaxantes e fechando os olhos — basicamente, praticando meditação mindfulness (atenção plena).
O objetivo era reduzir as oscilações dos seus batimentos cardíacos, incentivando batimentos mais estáveis e consistentes.
O outro grupo acompanhou um exercício de respiração na tela do computador. Quando um quadrado subia ao longo de cinco segundos, eles inspiravam; quando ele caía por cinco segundos, eles expiravam.
Estudos indicam que este tipo de respiração lenta e profunda aumenta as oscilações dos batimentos cardíacos, fazendo com que os intervalos entre os batimentos sejam mais variáveis (ou seja, causando maior "variabilidade da frequência cardíaca").
Os dois grupos praticaram a técnica solicitada duas vezes por dia, por 20 a 40 minutos cada vez, durante cinco semanas.
Quando os pesquisadores analisaram as amostras de sangue dos participantes após quatro semanas de prática, os resultados foram uma "surpresa", segundo Mara Mather, professora de gerontologia, psicologia e engenharia biomédica da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, uma das autoras do estudo.
Os exercícios respiratórios, destinados a aumentar a variabilidade da frequência cardíaca, reduziram os níveis de beta-amiloide, enquanto os exercícios de mindfulness, que reduziam a variabilidade da frequência cardíaca, aumentaram os níveis da proteína.
Por quê?
Os pesquisadores não têm certeza de qual seria a razão exata por trás destes resultados. Mas uma hipótese é que a respiração lenta e consciente pode simular alguns dos benefícios do sono profundo que, segundo pesquisas, pode eliminar resíduos neurotóxicos do cérebro e do sistema nervoso com mais rapidez. E o acúmulo destes resíduos, aparentemente, influencia o desenvolvimento do Alzheimer.
O principal fator parece ser como cada exercício afetou a variabilidade da frequência cardíaca, que reflete o nível de flutuação existente entre os batimentos.
Pesquisas indicaram que a variabilidade da frequência cardíaca é uma boa medida do funcionamento do sistema nervoso e, portanto, é um bom indicador da saúde em geral e de diversas condições específicas, que variam desde a depressão e o estresse crônico até infecções virais e sepse.