Todos nós já passamos por aquele momento em que, no meio da frase, simplesmente não conseguimos encontrar a palavra que queremos usar, mesmo tendo certeza de que a conhecemos.
Por que esse problema universal acontece? E quando as dificuldades de lembrar das palavras podem indicar algo sério?
Todos teremos dificuldades ocasionais em encontrar palavras, mas se isso ocorrer com muita frequência com uma ampla variedade de palavras, nomes e números, pode ser um sinal de um distúrbio neurológico.
O que mais pode afetar a busca por palavras?
As dificuldades para encontrar palavras ocorrem em todas as fases da vida, mas com mais frequência na medida em que envelhecemos.
Nos idosos, o fenômeno pode provocar frustração e ansiedade antes da possibilidade de desenvolvimento de demência. Mas nem sempre é um motivo para preocupação.
Uma maneira de investigar as causas da dificuldade de encontrar palavras é pedir às pessoas que monitorem a frequência do esquecimento e em que contexto isso ocorre.
Alguns estudos mostraram que certos tipos de palavras, como nomes de pessoas e lugares, substantivos concretos (coisas como “cachorro” ou “edifício”) e substantivos abstratos (conceitos como “beleza” ou “verdade”), são mais prováveis de serem esquecidos, em comparação com verbos e adjetivos.
Palavras usadas com menos frequência também têm maior probabilidade de não serem lembradas.
Acredita-se que isso acontece porque as palavras utilizadas com menos frequência têm uma ligação mais fraca entre seus significados e seus padrões sonoros.
Estudos em laboratório também mostraram que o "fenômeno da ponta da língua" tem maior probabilidade de ocorrer em condições socialmente estressantes — por exemplo, quando as pessoas são informadas de que estão sendo testadas, independentemente da idade.
Muitos relatam ter tido problemas assim durante entrevistas de emprego.
Quando é um problema?
Erros mais frequentes e envolvendo uma ampla variedade de palavras, nomes e números, provavelmente indicam problemas mais sérios.
Esta condição é chamada de “anomia” ou “afasia anômica” e pode estar associada a danos cerebrais devido a derrames, tumores, ferimentos na cabeça ou demência, como a doença de Alzheimer.
Recentemente, a família do ator Bruce Willis revelou que ele foi diagnosticado com uma doença degenerativa conhecida como afasia progressiva primária.
Um dos primeiros sintomas desta condição é a dificuldade em encontrar palavras, em vez da perda de memória.
A afasia progressiva primária está tipicamente associada a demências frontotemporais ou ao Alzheimer, embora também possa estar associada a outras patologias.
A afasia anômica pode surgir devido a problemas que ocorrem em diferentes estágios da produção da fala.
Uma avaliação feita por um neuropsicólogo clínico ou um patologista da fala pode ajudar a esclarecer qual estágio de processamento é afetado e quão grave pode ser o problema.
Por exemplo, se uma pessoa não consegue nomear um objeto comum, como um martelo, um neuropsicólogo clínico pedirá que ela descreva para que serve o objeto. O indivíduo pode então responder "é algo com que você bate nas coisas" ou "é uma ferramenta".