Se eu soubesse o que sei agora sobre como o álcool pode afetar o cérebro dos jovens adultos, eu teria sido um pouco mais cauteloso.
Aos 18 anos, meu cérebro ainda estava se transformando e só atingiria a maturidade pelo menos sete anos depois. Este processo altera a forma como reagimos ao álcool – e beber nesse período crítico pode ter consequências de longo prazo para o nosso desenvolvimento cognitivo.
Antes de tudo, vamos deixar um ponto muito claro: o álcool é uma toxina. Seus riscos incluem acidentes fatais, doenças do fígado e muitos tipos de câncer.
Até pequenas quantidades podem ser carcinogênicas, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar que "quando o assunto é o consumo de álcool, não existe quantidade segura que não afete a saúde".
Mas poucas atividades são totalmente livres de riscos e os perigos costumam ser ponderados em comparação com os prazeres que o álcool pode gerar. Por isso, nossas políticas de saúde são orientadas pelo princípio de limitação dos danos, bebendo moderadamente.
Nos Estados Unidos, este nível é definido como não mais de duas doses por dia para os homens e não mais de uma dose por dia para as mulheres. E muitos outros países estabelecem orientações similares.
A cerveja e o vinho costumam ser considerados bebidas mais seguras, como indicam as orientações americanas, mas o fator importante não é o tipo de bebida e sim a quantidade de álcool consumida.
"Uma cerveja de 350 ml tem aproximadamente a mesma quantidade de álcool de uma taça de 150 ml de vinho ou uma dose de 45 ml de licor", dizem as orientações vigentes nos Estados Unidos.
A legislação sobre a idade em que é permitido comprar bebidas alcoólicas segue lógica similar à limitação dos danos. A lei protege as crianças e permite aos jovens adultos fazer suas próprias escolhas.
Mas o álcool pode ser mais perigoso para os mais jovens por diversos motivos, mesmo após a idade mínima estabelecida por lei. Um deles é o tamanho e o formato do corpo.
Os adolescentes não atingem a altura que terão na vida adulta antes dos 21 anos. E, mesmo depois que pararem de crescer, eles podem não ter o volume corporal de uma pessoa na casa dos 30 ou 40 anos de idade.
Quando você bebe álcool, ele entra no seu fluxo sanguíneo e se espalha pelo corpo. Em cinco minutos, o álcool atinge o seu cérebro, cruzando facilmente a barreira hematoencefálica que costuma proteger o cérebro contra substâncias prejudiciais.
"Uma parte relativamente grande do álcool acaba no cérebro dos jovens e esta é mais uma razão que os leva a terem maior propensão a ficar intoxicados pelo álcool", explica Roodbeen.
Modelando o cérebro
As mudanças que ocorrem dentro do crânio são igualmente importantes.
As mudanças mais importantes incluem a redução da "massa cinzenta" à medida que o cérebro elimina as sinapses que permitem a comunicação entre as células.