Autoridades investigam as declarações de supostas torturas e crimes sexuais envolvendo crianças no arquipélago do Marajó, no Pará, feitas pela ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos). Sem apresentar provas, diferentes versões foram ditas por ela, desde que haveria imagens de crimes até que as denúncias são de relatos das ruas. Até esta sexta-feira (14), o Ministério Público Federal (MPF) ainda não recebeu respostas oficiais sobre as denúncias.
Após o Ministério Público Federal do Pará (MPF) cobrar informações ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) sobre as declarações da ex-ministra, a pasta informou que as informações dela eram baseadas em "numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes", informou o MMFDH em nota.
No entanto, o Ministério Público informou que "nos últimos 30 anos, nenhuma denúncia ao MPF sobre tráfico de crianças no Marajó mencionou torturas citadas por Damares". A Polícia Civil do Pará também informou que não há investigações relacionadas às denúncias.
O MPF informou ainda que "atuou, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico internacional de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago do Marajó. Nenhuma das denúncias mencionou nada semelhante às torturas citadas pela ex-ministra Damares Alves".
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski mandou à Justiça Federal do Pará um pedido de investigação das falas da ex-ministra sobre abuso sexual infantil.
"Temos imagens de crianças brasileiras que cruzam as fronteiras sequestradas"
As declarações foram dadas durante culto na igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, quando a ex-ministra do governo de Jair Bolsonaro (PL) afirmou que crianças do Marajó são traficadas para o exterior e submetidas a mutilações corporais e a regimes alimentares que facilitam abusos sexuais.
Damares afirmou ainda que "explodiu o número de estupros de recém-nascidos", que no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) teria imagens de crianças com oito dias de vida sendo estupradas e que um vídeo com esse tipo de conteúdo é vendido por preços entre R$ 50 e R$ 100 mil.