Depois de quase sete anos de silêncio, a CBF quer receber uma indenização milionária pelo "Fifagate", o escândalo de corrupção que resultou na prisão ou no banimento de dezenas de cartolas.
Logo após ser eleito, o novo presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, enviou um documento à Fifa e à Conmebol pedindo para receber parte dos US$ 201 milhões ( R$ 970 milhões) devolvidos pelo Departamento de Justiça dos EUA no ano passado.
- O futebol brasileiro foi um dos mais prejudicados e merece receber de volta boa parte deste dinheiro - afirmou Rodrigues, que completou um mês no cargo no último sábado, em entrevista.
Em agosto, a entidade que comanda o futebol no planeta recebeu a quantia recuperada nas contas de dirigentes envolvidos no "Fifagate".
O dinheiro foi colocado em um fundo administrado pela Fifa, e poderá ser usado também pela Conmebol e Concacaf – entidades que se declararam vítimas para a Justiça dos EUA.
Do total anunciado pelos EUA, a Conmebol teria direito a US$ 71 milhões (cerca de R$ 340 milhões). No documento, a CBF não fixa o valor da indenização. O dinheiro seria usado em investimento no futebol de base e no futebol feminino, além de projetos sociais e de infraestrutura.
Entre os punidos pelo esquema estão os ex-presidentes da CBF José Maria Marin, preso em 2015, e Marco Polo Del Nero, suspenso por 20 anos do futebol. Além deles, Ricardo Teixeira, também citado nas investigações, foi banido do futebol. Os três negam ter cometido os crimes dos quais foram acusados.
Embora tenha ex-dirigentes diretamente envolvidos no escândalo, a CBF nunca procurou as autoridades americanas para tentar recuperar dinheiro até então.
Rodrigues foi eleito há um mês após Rogério Caboclo, herdeiro político de Del Nero, ter perdido o cargo de presidente da CBF acusado de assédio moral e sexual contra funcionários e ex-colaboradoras da entidade.
Um dos vices de Caboclo, ele assumiu a entidade interinamente em agosto e foi eleito com a oposição de Del Nero em março.