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‘Love bombing’: quando amor em excesso se torna perigoso?

Todos nós queremos atenção e carinho de nossos parceiros. Mas, quando o amor começa a ser muito intenso, é preciso desconfiar
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Amanda Omura

Frases como "não consigo deixar de pensar em você", "só quero te fazer feliz" e "quero estar com você o tempo todo" podem soar bonitas, mas às vezes podem ser também um sintoma de que alguns limites saudáveis estão sendo ultrapassados.

Estamos falando do love bombing, algo como "bombardeio de amor", em tradução livre.

É quando alguém dá atenção e carinho — geralmente a um parceiro romântico, mas não só — de forma avassaladora, normalmente no início de um relacionamento.

Esse comportamento aparentemente romântico e bem-intencionado pode, no entanto, fazer parte de um ciclo de abuso psicológico.

Dois momentos
É claro: nosso cérebro está perfeitamente treinado para garantir que situações que tenham causado uma sensação de prazer, como presentes, carícias e palavras bonitas, sejam repetidas. Trata-se do sistema de recompensa.

Esse sistema é o que nos permite, por exemplo, nos apegarmos aos nossos pais ou cuidadores na infância, algo essencial para o nosso desenvolvimento pessoal.

O "bombardeio do amor" opera aproveitando exatamente essa função do cérebro.

A princípio, a pessoa que recebe os gestos exorbitantes de amor aprende a esperar esses comportamentos — recompensas — de seu parceiro e a reagir positivamente quando os recebe. E ela cria em sua cabeça uma imagem do seu parceiro como o amante perfeito.

Mas então, em um segundo momento, o "autor do bombardeio" corta do parceiro o que estava dando. Por exemplo, ele pode começar a tratar o outro com desprezo.

Com isso, há uma tendência da pessoa "alvo" do bombardeio superar seus próprios limites para receber novamente aquela recompensa. É quando o abuso acontece.

Uma pessoa submetida a esse ciclo pode, por exemplo, concordar em cancelar planos com seus amigos ou familiares na esperança de se sentir especial e amada pelo parceiro novamente.

Ou, em um cenário mais sombrio, pode concordar com uma determinada prática sexual apenas para resgatar aquele momento idílico do relacionamento.

Com o tempo, a relação se torna um ciclo: quando o agressor sente que está perdendo o poder sobre o parceiro, retoma demonstrações transbordantes de amor para reconquistá-lo, e assim por diante.

A psicologia do bombardeio
Como acontece com quase qualquer vilão, quem faz love bombing não é simplesmente um monstro maquiavélico e tem por trás seus próprios problemas.

Em boa parte das vezes, o bombardeio de amor é uma estratégia usada inconscientemente e é uma resposta lógica a traços narcisistas e de baixa autoestima.

Esta é a conclusão dos estudos da professora Claire Strutzenberg, da Universidade da Pensilvânia.

Ela explica que, ao expressar esse amor transbordante, o que as pessoas que o fazem realmente querem "é a afirmação de que são amados, bonitos e desejados".

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