Mais de 65 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O número é um dos maiores dos últimos 25 anos.
Destas, 386 estão atualmente à espera de um coração, de acordo com a última atualização no site do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) feita na quarta-feira (16).
E o apresentador Fausto Silva irá se juntar a eles. No fim de semana, após duas semanas de internação, o quadro de insuficiência cardíaca dele se agravou, e o hospital anunciou que ele vai precisar de um transplante de coração.
Embora a fila por um coração seja menor, a situação é mais delicada porque:
O órgão é essencial à vida e temos apenas um. No caso do transplante de rim, por exemplo, são quase 37 mil pessoas aguardando na fila, mas, em tese, conseguir um doador pode ser mais fácil já que temos dois rins e é possível viver com apenas um.
A doação de coração só será possível a partir da morte cerebral de outra pessoa - e ainda dependerá de fatores como peso, altura e tipo sanguíneo.
"Apesar de a fila ser pequena em relação a outros órgãos, a urgência é maior. O transplante de coração é a última alternativa. Em geral, quem precisa de um coração não pode mais esperar." — Paulo Pego Fernandes, médico no Hcor e professor no Instituto do Coração
Existe uma única lista de transplantes no país, gerida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Todas as pessoas que precisam de uma doação vão para essa mesma fila. No Brasil, é crime vender ou comprar órgãos humanos.
Tempo de espera
O médico Paulo Pego Fernandes explica que o tempo de espera pode variar de 2 a 18 meses.
Segundo Pego, a fila respeita a ordem cronológica, mas é feito um cruzamento com uma lista de prioridades, que faz com que pacientes, ainda que tenham entrado depois, passem na frente. Pacientes internados, com suporte para o coração e outros órgãos são priorizados.
Mortalidade na fila do transplante
Segundo a ABTO, no ano passado, no estado de São Paulo, 214 entraram na fila de espera por um coração, mas 43 morreram antes do transplante - uma taxa de mortalidade de 20%.
No Brasil, das 432 pessoas que entraram na fila de um coração novo, 105 (24%) morreram antes de receber o transplante.