Você está em:

Fechamento de polos de saúde por ameaça do garimpo deixou Yanomamis desassistidos

Tribunal de Contas da União também aponta impacto sobre 'aumento expressivo de agravos e óbitos evitáveis'
Picture of Amanda Omura

Amanda Omura

O fechamento de seis polos de saúde por causa do crescimento do garimpo ilegal em terras Yanomami deixou cerca de 4.800 indígenas desassistidos, levando ao aumento de mortes evitáveis a partir de 2021. A informação consta em relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).

A área técnica do TCU constatou que seis das nove unidades de saúde que deixaram de funcionar em algum momento entre 2021 e 2023 têm "a intensa atividade do garimpo ilegal" em sua região de influência como motivo de fechamento.

Isso fez com que a taxa de atendimentos caísse pela metade: de 32% em 2021 para 15,73% em 2022. Nesses dois anos, morreram 107 indígenas entre a população atendida pelos polos, dos quais 44 foram crianças com menos de cinco anos, cujas mortes poderiam ser evitadas.

"Os efeitos do fechamento dos seis polos impactados pelo crescimento do garimpo ilegal incluem a desassistência de 4.800 indígenas e potencial aumento expressivo de agravos e óbitos evitáveis, principalmente em crianças menores de cinco anos, como desnutrição, pneumonia e doença diarreica aguda, além de malária", diz o relatório do ministro do TCU Vital do Rêgo.

Os polos-base são:
Homoxi: atende a cinco aldeias, com população de 248 em 2022;
Haxiu: atende a 12 aldeias, com 976 indígenas;
Hakoma: 13 aldeias, somando 668 pessoas;
Xitei: 23 aldeias, com população de 2.098;
Kayanaú: cinco aldeias, com 313 pessoas;
Parafuri: seis aldeias, com 507.
Falhas na articulação do governo
A área técnica do TCU também constatou que as principais causas para a interrupção dos atendimentos foram falhas na articulação do governo, entre os seus ministérios, para proteger a terra Yanomami e expulsar garimpeiros ilegais.

"Em relação aos polos fechados por impacto do garimpo ilegal, as falhas na articulação interministerial resultaram em que não ocorresse a extrusão dos agentes ilícitos, medida fundamental para o retorno das ações de assistência à saúde", diz o relatório.

Além disso, faltou treinamento para os profissionais de saúde para lidar com diferenças culturais. O TCU destaca a ausência de antropólogos no quadro de funcionários do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) desde 2020.

Posts Relacionados

Maior fator de risco para declínio cognitivo no Brasil não é a idade, e sim a falta de acesso à educação

Maior fator de risco para declínio cognitivo no Brasil não é a idade, e sim a falta de acesso à educação

A baixa escolarização ‘pesa mais’ do que fatores demográficos, como faixa etária ou sexo do paciente

‘Não adianta escola proibir celular e os pais continuarem deixando usar 5 horas seguidas em casa’

‘Não adianta escola proibir celular e os pais continuarem deixando usar 5 horas seguidas em casa’

Professora Débora Garofalo, defende que veto aos telefones é medida drástica e necessária para combater vício

Dados melhoram, mas Brasil ainda tem 28,8 milhões de crianças e adolescentes na pobreza

Dados melhoram, mas Brasil ainda tem 28,8 milhões de crianças e adolescentes na pobreza

Além da renda, levantamento considera itens como acesso a informação, água, saneamento e moradia

Falta de luz: brasileiros registram mais de 5 milhões de queixas contra distribuidoras de energia

Falta de luz: brasileiros registram mais de 5 milhões de queixas contra distribuidoras de energia

O tempo de resposta das distribuidoras para o atendimento a emergências piorou na última década em todo país

MP-AC recomenda busca ativa para retomada de tratamento de Aids

MP-AC recomenda busca ativa para retomada de tratamento de Aids

Em documento, órgão alerta para que a Sesacre e o núcleo de ISTs cumpram estratégia prevista pelo Ministério da Saúde

influencers que lucram com informação falsa sobre saúde feminina

influencers que lucram com informação falsa sobre saúde feminina

Influenciadores de todas as partes do mundo estão se passando por médicos especialistas

SP aprova, em 2ª votação, projeto para privatizar ciclovias, centros esportivos e outros equipamentos

SP aprova, em 2ª votação, projeto para privatizar ciclovias, centros esportivos e outros equipamentos

Projeto de lei é de autoria do Executivo e foi aprovado por 35 votos a favor contra 15 nesta terça (17)

Receita intensifica fiscalização e suspende CNPJs de lojas que vendem cigarro eletrônico

Receita intensifica fiscalização e suspende CNPJs de lojas que vendem cigarro eletrônico

Nova medida começou a ser aplicada em outubro e já resultou na suspensão de 22 CNPJs em operações realizadas em São Paulo

pt_BRPortuguese