A invasão da Ucrânia, que começou no dia 24 de fevereiro, teve um forte impacto no sistema de saúde do país, que já era deficiente antes da guerra. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 269 ataques atingiram hospitais, clínicas e outras estruturas, mas é provável que esse número seja bem mais elevado.
A situação representa uma grave ameaça para milhões de ucranianos. No leste do país, a estimativa é de que apenas 15% dos profissionais de saúde ainda atuem na região.
Diante da precariedade e da falta de perspectiva sobre o fim do conflito, associações e ONGs se organizam para transferir feridos de guerra e pacientes com doenças crônicas para outras regiões, além de assegurar o atendimento básico, que inclui a vacinação e o acompanhamento das gestantes, por exemplo.
O coordenador da Organização Médico Sem Fronteiras na Ucrânia, Gustavo Fernandez, contou ao programa Priorité Santé, da RFI, que as condições de vida da população, sob ameaça constante de ataques e vivendo no subterrâneo, estão cada vez mais difíceis. A retirada dos feridos é sempre uma operação complexa, descreve, em função da cidade em que ela ocorre.
“Tentamos nos manter em contato com os voluntários locais e as pessoas que conhecem bem a situação interna. Também buscamos nos manter próximos dos médicos e dos enfermeiros que continuaram nas cidades e conhecem bem a população para fornecer, no dia a dia, o material para garantir a continuidade dos cuidados médicos”, declarou.
A equipe também deve estar pronta para atuar imediatamente em situações urgentes, que incluem, por exemplo, a transferência de pacientes durante os bombardeios. “É muito arriscado, mas temos que tentar instaurar um sistema que permita esse tipo de evacuação médica da população civil”, ressalta.
Duas Ucrânias
A impressão, diz o médico, é de que hoje existem “duas Ucrânias”: há regiões próximas do front, que vivenciam a guerra mais de perto, e outras onde a vida é relativamente normal. Os hospitais nesse local, entretanto, estão sobrecarregados.