O presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto nesta quarta-feira (5) ordenando que o governo russo assuma o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, e torne-a "propriedade federal".
Trata-se da maior usina nuclear da Europa e está controlada por tropas russas, mas tem sido operada até agora por funcionários ucranianos.
Sua proximidade com a linha de frente da luta levantou temores internacionais de um desastre nuclear.
"O governo deve garantir que as instalações nucleares da usina […] sejam aceitas como propriedade federal", diz o decreto, publicado dias antes de uma possível visita à Rússia do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi.
Rússia e Ucrânia culpam-se mutuamente pelo bombardeio que danificou partes da usina, e a AIEA pediu o estabelecimento de uma zona de proteção ao redor do local para reduzir o risco de um acidente potencialmente catastrófico. Grossi deve manter conversações em Moscou e Kiev esta semana.
Seis reatores
Zaporizhzhia tem seis reatores, e cada um pode gerar cerca de 950 Megawatts —no total, são cerca de 5,7 Gigawatts (como comparação, a usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai, tem capacidade instalada de 14 Gigawatts).
A energia gerada em Zaporizhzhia é suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de residências. Só essa usina era responsável por um quinto da eletricidade da Ucrânia e metade de toda a geração nuclear. A Ucrânia tinha, antes da invasão, quatro usinas nucleares que, somadas, possuíam 15 reatores.
O complexo fica perto da cidade de Enerhodar, na beira de uma represa no rio Dnieper. O primeiro reator foi conectado ao sistema ucraniano em 1984, e o sexto, em 1995. Além dos reatores, no complexo há um armazém que tem elementos combustíveis usados.
De acordo com um relatório do Greenpeace publicado no dia 2 de março, até 2017 havia 2.204 toneladas de elementos combustíveis armazenados no local (855 em piscinas e 1.349 em armazém seco).